Percepção Ambiental e Etnobotânica na Comunidade Paraíso Grande, Humaitá-AM, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.21664/2238-8869.2024v13i4.p339-353Palavras-chave:
agricultura, Amazônia, comunidade ribeirinhaResumo
Este estudo teve como objetivo realizar uma análise das condições socioeconômicas, etnobotânicas e da percepção ambiental na comunidade Paraíso Grande em Humaitá-AM. Utilizou-se uma abordagem mista, incluindo entrevistas e questionários semiestruturados aplicados para 20 famílias. Os resultados revelaram que a comunidade é predominantemente composta por pessoas com idades entre 20 e 40 anos. A maioria (30%) dos entrevistados é casada e apresenta em média dois filhos. Em geral as famílias ganham menos que um salário-mínimo para sua sobrevivência, por meio do trabalho na roça/agricultura. Observou-se uma ampla gama quanto ao nível de escolaridade dos entrevistados, prevalecendo o ensino fundamental incompleto. Foram mencionadas 31 espécies medicinais, sendo as mais citadas o mastruz, hortelã, limão e acerola. As doenças mais citadas entre as tratadas com plantas medicinais foram gripe, infecções em geral, dores no estômago e problemas cardíacos. Todos os entrevistados afirmaram que utilizam as plantas medicinais no preparo de medicamentos para alívio ou cura de doenças e cultivaram algumas dessas em seus quintais. A grande maioria dos entrevistados foi composta por mulheres e adquiriram esse conhecimento oriundo de seus familiares. As folhas foram a parte da planta mais usada e preparada em forma de chá. Além disso, a comunidade utiliza as plantas medicinais pois no local que residem não existe atendimento médico de saúde, o que estimula o uso desses vegetais na cura e/ou alívio de doenças. Dentre os problemas ambientais que a comunidade enfrenta ou já enfrentou, destacou-se as enchentes, seguido de queimadas e desmatamentos, os quais acabam prejudicando o crescimento e desenvolvimento das plantas. Dessa forma, é recomendado evitar esses problemas ambientais para a conservação dessas espécies vegetais tão importantes na comunidade.
Referências
Albuquerque UP, Hanazaki N 2006. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista Brasileira de Farmacognosia 16(1): 678-689.
Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFC 2008. Métodos e técnicas na pesquisa etnobotânica. Comunigraf, Recife, 483 pp.
Albuquerque UP, Ferreira-Júnior WS, Ramos MAMMP 2022. Introdução à Etnobotânica. Interciência: Rio de Janeiro, 150 pp.
Alencar DGS, Costa FS 2021. Resiliência pedagógica: escolas ribeirinhas frente às variações de seca e cheia do Rio Amazonas. Educação & Pesquisa 47(1): e230347.
Almeida MZ 2011. Plantas medicinais. EDUFBA: Salvador, 221 pp.
Araújo JP, Silva LE, Amaral W, Machado MS 2018. Formas tradicionais de uso, manejo e percepção dos recursos vegetais no Litoral do Paraná: etnoconservação florestal da Mata Atlântica. Brazilian Journals of Development 4(3): 886-915.
Barbosa RLQ, Lima EO, Dias AK, Pereira RA, Couto GBF 2022. Revista Humanidades e Inovação 9(10): 96-108.
Begossi A 1996. Use of ecological methods in ethnobotany: Diversity Indices. Economic Botany 50(3): 280-289.
Bisol CA 2012. Estratégias de pesquisa em contextos de diversidade cultural: entrevistas de listagem livre, entrevistas com informantes-chave e grupos focais. Estudos de Psicologia 29(1): 719-726.
Brasil 2011. Zoneamento Ecológico Econômico da Sub-Região do Purus. Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Amazonas, 271 pp.
Brasil. Monografia da espécie Mentha x piperita L. (Hortelã-pimenta). Ministério da Saúde e Anvisa. 2013. [2024 Set 15]; Disponível em: MonografiaMenthapiperita.pdf (www.gov.br)
Campos SC, Silva CG, Campana PRV, Almeida VL 2016. Toxicidade de espécies vegetais. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 18(1): 373-382.
Dietrich LJ, Almeida NM 2020. Desmatamento da Amazônia, impactos ambientais e desafios para a espiritualidade cristã: responsabilidade mundial para uma ecologia integral. Franciscanum 62(173): 1-29.
França RR, Mendonça FA 2015. A cheia histórica do Rio Madeira no ano de 2014: Riscos e impactos à saúde em Porto Velho (RO). Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde 11(21): 62-79.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 2024. SGI 2.5 – Introdução ao Sistema de Informações Geográficas – SGI. Imagem Geosistemas, Brasil, 5 pp.
Lima RTS, Fernandes TG, Martins-Júnior PJA, Portela SC, Santos-Júnior JDO, Schweickardt JC 2021. Saúde em vista: uma análise da Atenção Primária à Saúde em áreas ribeirinhas e rurais amazônicas. Ciência e Saúde Coletiva 26(6): 2053-2064.
Lira TM, Chaves MPSR 2016. Comunidades ribeirinhas na Amazônia: organização sociocultural e política. Interações 17(1): 66-76.
Lomba RM, Fonseca MBS 2017. Modos de vida ribeirinho na comunidade Foz do Rio Mazagão – Mazagão (AP/Brasil). Ateliê Geográfico 11(1): 257-276.
Miller JR 2005. Biodiversity conservation and the extinction of experience. Trends in Ecology and Evolution 20(8): 430-434.
Oliveira BOS, Nunes CHS, Correia RX, Silva DMP, Souza RFS, Nascimento LS, Campos MCC 2023. Qualidade da água para consumo humano em comunidades rurais no sudoeste da Amazônia. Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science 12(3): 305-317.
Pereira BE, Diegues AC 2010. Conhecimento de populações tradicionais como possibilidade de conservação da natureza: uma reflexão sobre a perspectiva da etnoconservação. Desenvolvimento e Meio ambiente 22(1): 37-50.
Roemer GW, Donlan CJ, Courchamp F 2002. Golden eagles, feral pigs, and insular carnivores: How exotic species turn native predators into prey. Proceedings of the National Academy of Sciences 99(2): 791-796.
Santos ALS, Pereira ECG, Andrade LHC 2007. A construção da paisagem através do manejo dos recursos naturais e a valorização do etnoconhecimento. In: Albuquerque UP, Alves AGC, Araújo TAS. Povos e paisagens: etnobiologia, etnoecologia e biodiversidade no Brasil. Recife, p.61-73.
Santos, JA, Júnior AO, Meneguelli AZ, Camargo EES 2020. O saber etnobotânico de plantas medicinais na comunidade ribeirinha do município de Ji-Paraná – RO. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research 31(1): 7-13.
Silva VA, Nascimento VT, Soldati GT, Medeiros MFT, Albuquerque UP 2010. Técnicas para análise de dados etnobiológicos. In: Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFC. Métodos e técnicas na pesquisa Etnobiológica e Etnoecológica, COMUNIGRAF, Recife, p.50-70.
Silva RS, Silveira RLL 2012. Meios de transporte e desenvolvimento regional no Estado do Amazonas: uma análise das microrregiões geográficas do Madeira e do Purus. Novos Cadernos NAEA 15(2): 45-84.
Silva TA, Oliveira WDS, Sampaio FAC 2021. Etnoconhecimento de pescadores artesanais sobre a ictiofauna do Rio Jiquiriçá, Bahia. Ethnoscientia, 6(1): 163-187.
Vasconcelos GKA 2020. O conhecimento tradicional no processo de conservação da biodiversidade: um olhar sobre as contribuições dos agentes comunitários de saúde. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Amazonas, Humaitá, 135 pp.
Veltri ALA 2017. Estudo de Etnociências nas boas práticas agrícolas de plantas medicinais, aromáticas e condimentares do município de Botucatu, SP. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 112 pp.
Ziller SR 2001. Plantas exóticas invasoras: a ameaça da contaminação biológica. Revista Ciência Hoje, 30(178): 77-79.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Felipe Sant'Anna Cavalcante, Rosineide Campos Chaves, Doraci Brito de Souza, Fabiana Caetano Furtado, Veridiana Vizoni Scudeller
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
A partir da publicação realizada na revista os autores possuem copyright e direitos de publicação de seus artigos sem restrições.
A Revista Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science segue os preceitos legais da licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional. 
