Três Hipóteses Ligadas à Dimensão Humana da Biodiversidade da Mata Atlântica

Autores/as

  • Rogério Ribeiro de Oliveira Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
  • Alexandro Solórzano Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2014v3i2.p80-95

Resumen

Em uma perspectiva histórica, considera-se que o legado ambiental que nos chegou até hoje é produto da histórica relação de populações passadas com o meio. São propostas três hipóteses ligadas à dimensão humana da biodiversidade da Mata Atlântica: 1) A baixa palatabilidade da biomassa vegetal pelo ser humano deixou como alternativa alimentar a caça, o que provocou históricas alterações na paisagem; 2) A agricultura migratória consiste em uma fonte significativa de alterações na estrutura e composição da Mata Atlântica e 3) O uso das florestas como fonte energética a partir do século XVII é um fator determinante na diversidade da Mata Atlântica. As hipóteses aqui discutidas não são únicas - outras podem se sobrepor aos fatores que induziram alterações antrópicas históricas. Em termos de escala de tempo considera-se um espectro amplo, abarcando-se desde a presença de populações de coletores-caçadores de 8.000 anos, passando-se por etnias que praticavam a agricultura e o período pós-colonial.

Palavras-Chave: Paisagem; Populações Tradicionais; Populações Pré-Coloniais; Dinâmica Florestal

Biografía del autor/a

Rogério Ribeiro de Oliveira, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Departamento de Geografia e Meio Ambiente. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Alexandro Solórzano, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Departamento de Geografia e Meio Ambiente. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Citas

Abreu MA 2006. Um quebra-cabeça (quase) resolvido: os engenhos do Rio de Janeiro nos séculos XVI e XVII. Scripta Nova, XI, p. 32-45.
Alves RRN, Souto WMS 2010. Etnozoologia: conceitos, considerações históricas e importância. In Alves RRN, Souto WMS, Mourão JS (orgs.). A Etnozoologia no Brasil: Importância, status atual e perspectivas. Ed. NUPPEA, Recife. p. 21-40.
Alves RRN, Mendonça LET, Confessor MVA, VieiraWLS, Vieira KS, Alves FN 2010. Caça no semiárido paraibano: uma abordagem etnozoológica. In: Alves, R.R.N.; Souto, W.M.S. e Mourão, J.S. (orgs.) A Etnozoologia no Brasil: importância, status atual e perspectivas. . Ed. NUPPEA, Recife, p. 347-378.
Antonil AJ 1711. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve, Rio de Janeiro.
Balée W 2006. The Research Program of Historical Ecology. Annual Review of Anthropology. 35:75–98.
Bernardes N 1962. Aspectos da geografia carioca. Associação dos Geógrafos Brasileiros (Seção Regional do Rio de Janeiro). CNG/IBGE, Rio de Janeiro, p. 188-210.
Chazdon RL 2003. Tropical forest recovery: legacies of human impact and natural disturbances. Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics 6: 51–71.
Cione AL, Tonni EP, Soivelzon L 2009. Did humans cause the late Pleistocene-Early Holocene Mammalian extintions in South America ina a contesxt of Shirinking open areas. In: Haynes, G. (Ed.) American megafaunal extinctions at the end of The Pleistocene. Springer, Reno. p. 125-144.
Coley PD, Barone JA 1996. Herbivory and plant defenses in tropical forests. Annual Review of Ecology and Systematics 2 7:305-355.
Conselho Nacional de Geografia 1966. Tipos e aspectos do Brasil. IBGE, Rio de Janeiro p. 234:237.
Dirzo R 2014. Defaunation in the Anthropocene. Science 345, 401-406
Doughty CE, Christopher E, Wolf A, Malhi Y 2013. The legacy of the Pleistocene megafauna extinctions on nutrient availability in Amazonia. Nature Geoscience 6, 761–764.
Engemann C 2005. Consumo de recursos florestais e produção de açúcar no período colonial – o caso do Engenho do Camorim, RJ. In OLIVEIRA RR (Org.). As marcas do homem na floresta: história ambiental de um trecho urbano de mata atlântica. Ed. PUC-Rio, Rio de Janeiro.
Ewel JJ 1976. Litter fall and leaf decompostion in a tropical forest sucession in eastern Guatemala. Journal of Ecology, 64: 293-308.
Filho JAFD 2002. Modelos ecológicos de extinção da megafauna do Pleistoceno. Canindé 2, p. 52-80.
Fraga JS, Oliveira RR (Org.) 2012. Social Metabolism, Cultural Landscape, and Social Invisibility in the Forests of Rio de Janeiro de Massimo Canevacci. Polyphonic Anthropology - Theoretical and Empirical Cross-Cultural Fieldwork, InTech, Rijeka, p. 139-156.
Freire JM 2010. Florística e fitossociologia do estrato arbustivo e arbóreo de um remanescente de floresta urbana no Parque Estadual da Pedra Branca, Rio de Janeiro – RJ, PhD Thesis, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 155 pp.
García-Montiel D 2002. El legado de la actividad humana en los bosques neotropicales contemporáneos. In: Guarigauta MR, Kattan GH. Ecologia y conservación de bosques neotropicales. Ediciones LUR, Cartago, p. 97-112.
Glassman SF 1987. Revision of the palm genus Syagrus Mart. and the other genera in the Cocos. Illinois Biological Monographs, 56: 1-23.
Gullan PJ, Cranston PS 2008. Os insetos: um resumo de entomologia. 3 ed. São Paulo: Roca, 440p.
Hoehne FC 1946. Frutos indígenas - Instituto de Botânica de São Paulo, São Paulo. 86 pp.
Jansen DH 1980. Ecologia Vegetal nos trópicos. EPU, EDUSP, São Paulo, 67 pp.
Mcgrath DG 1987. The role of biomass in shifting cultivation. Human Ecology, 15 (2): 221-242.
Oliveira RR 2002. Ação antrópica e resultantes sobre a estrutura e composição da Mata Atlântica na Ilha Grande, RJ. Rodriguesia, 53 (82): 33-58.
Oliveira RR 2008. Environmental History, Traditional Populations,and Paleo-territories in the Brazilian Atlantic Coastal Forest. Global Environment, I:176-191.
Oliveira RR, Sheel-Ybert R, Bovini MG, Buarque A 2014. Uma cápsula do tempo: o uso potencial de recursos naturais por visitantes pré-coloniais no arquipélago das Cagarras, Rio de Janeiro. Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña (HALAC), 4: 22-46.
Plens CR 2014. Um banquete na floresta. In Zocche J, Campos J, Ricken C, Almeida N (orgs.). Arqueofauna e paisgem. Erechin: Ed. Habilis. 209-226.
Raison RJ 1980. Possible forest site deterioration associated with slash-burning. Search 11 (3): 68-72.
Redford KH 1992. The Empty Forest. BioScience, 42, (6): 412-422.
Sanderson EW, Jaiteh M, Levy MA, Redford KH, Wannebo AV, Woolmer G 2002. The human footprint and the last of the wild. BioScience 52: 891–904.
Sastre C 1982. Notion de climax em régions néotropicales. Compte rendu des ceances de la Societé de Biogeographie, 58(3): 117:123.
Silva JO, Jesus FM, Fagundes M, Fernandes GW 2009. Esclerofilia, taninos e insetos herbívoros associados a Copaifera lagsdorffii Desf. (Fabaceae: Caesalpinioideae) em área de transição Cerrado-Caatinga no Brasil. Ecol. austral, 19 (3): 47-63.
Steffen W, Crutzen PJ, McNeill JR 2007. The Anthropocene: Are Humans Now Overwhelming the Great Forces of Nature? Ambio 36(8): 614-621.
Taunay CA 1839. Manual do agricultor brasileiro; Marquese RB (org.) (2001). Companhia das Letras, São Paulo, 197 pp.
Velloso JMC 1798. O fazendeiro do Brasil, melhorado na economia rural dos gêneros já cultivados, e de outros, que se podem introduzir; e nas fábricas, que lhe são próprias, segundo o melhor que se tem escrito a este assunto. Tipografia Arco do Cego, Lisboa. 10 v.
Westley F, Carpenter SR, Brock WA, Holling CS, Gunderson LH 2002. Why systems of people and nature are not just social and ecological systems. In Gunderson LH, Holling CS (Eds.) Panarchy: Understanding, Transformations in Human and Natural Systems. Island Press, Washington, D.C., p. 47-68.
Whitmore TC 1984. An introduction to tropical rain forests. Claredon Press, Oxford, 224 p.
Whittaker RH 1972. Evolution and measurement of species diversity. Taxon, 21: 213-251.
Wilkie DS, Bennett EL, Peres CA, Cunningham AA 2011. The empty forest revisited. Annals of the New York Academy of Sciences. 1223: 120–128.

Publicado

2014-12-28

Cómo citar

OLIVEIRA, Rogério Ribeiro de; SOLÓRZANO, Alexandro. Três Hipóteses Ligadas à Dimensão Humana da Biodiversidade da Mata Atlântica. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 80–95, 2014. DOI: 10.21664/2238-8869.2014v3i2.p80-95. Disponível em: https://revistas2.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/1005. Acesso em: 21 nov. 2024.

Número

Sección

Dossiê - Cultura, História e Biodiversidade