Integração entre acadêmicos de medicina e centro de acolhimento a pessoas dependentes químicas: um relato de experiência
Resumo
A dependência química é um estado mental e físico que causa compulsão pelo uso de drogas para aliviar o desconforto da abstinência, prejudicando a vida social e familiar do indivíduo. Desse modo, deve ser considerada uma doença crônica e um problema de saúde pública, requerendo programas terapêuticos individualizados que tratam causas e sintomas da dependência. Assim, comunidades de acolhimento são primordiais no cuidado aos adictos, visto que promovem reabilitação física, mental e reintegração social. Logo, este trabalho tem por objetivo relatar a experiência dos acadêmicos de medicina de uma instituição privada de Goiás em relação à vivência de dependentes químicos em recuperação em um centro de acolhimento. Os acadêmicos do 2º ano, realizaram uma visita em um centro de acolhimento, Esquadrão Resgate, localizado na zona rural de Planalmira (GO), acompanhados pelas docentes do módulo de Humanidades e Comunicação, com o intuito de conversar e de ouvir experiências de aproximadamente 45 homens adictos, de idades entre 18 e 60 anos, presentes no programa. Durante a visita, o que mais nos impactou foi a dificuldade relatada pelos diretores em obter atendimento médico na Atenção Básica (AB) para residentes em recuperação de vícios, contrariando os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse problema é agravado pela falta de capacitação dos profissionais da AB, preconceitos e estigmas, além do medo de associações negativas. Ademais, a visita também destacou a importância da espiritualidade na recuperação de dependentes químicos, revelando a necessidade de incluir essa perspectiva no cuidado à saúde. Logo, a integração entre acadêmicos de medicina e centros de acolhimento dependentes químicas é crucial para uma formação médica mais completa e compassiva, capaz de lidar com os desafios enfrentados por esses indivíduos, além da conscientização acerca dos prejuízos sociais causados pelo uso indevido de drogas e da necessidade de superar preconceitos presentes na prática médica.
