Análise epidemiológica dos distúrbios da tireóide no Brasil: estudo ecológico

Autores

  • Guilherme Cerva de Melo Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.37951/2358-9868.2022v10i1.p38-47

Palavras-chave:

Epidemiologia, Endocrinologia, Doenças da Tireoide

Resumo

Objetivo: A tireóide é responsável pela produção dos hormônios tiroxina (T4) e tri-iodotironina (T3), reguladores do metabolismo. Alterações em qualquer nível fisiológico dessas substâncias podem desencadear doenças. Por isso, este projeto tem a finalidade de investigar a epidemiologia das internações e óbitos causados por distúrbios tireoidianos no território brasileiro entre 2012 e 2021. Método: Estudo ecológico transversal dos transtornos tireoidianos relacionados à deficiência de iodo e tireotoxicose, a partir de dados secundários da plataforma TABNET-DATASUS, mediante análise de número de internações e óbitos, ano de atendimento, sexo, faixa etária e cor. Resultados: No período analisado, o sexo feminino foi o mais afetado, principalmente, as de coloração branca e parda. Além disso, a tireotoxicose teve maior taxa de mortalidade e ocorrência do que os transtornos ligados à deficiência de iodo, sendo que a prevalência de internações por hipertireoidismo foi quase o dobro do valor alcançado por hipotireoidismo. Conclusão: Foi registrado maior número de internações por tireotoxicose, em mulheres de tons de pele mais claros. Espera-se que o estudo possa proporcionar intervenções na rede assistencial às pessoas com distúrbios tireoidianos, visando a redução de casos de agudização que resultam em internações e óbito.

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Publicado

2022-07-04

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS