Os impactos do uso de telas no neurodesenvolvimento infantil
Palavras-chave:
Desenvolvimento infantil, Neurodesenvolvimento, Mídia audiovisual, Aplicativos móveis, Tempo de exposiçãoResumo
Após o advento da internet, na década de 60, a tecnologia tornou-se símbolo de evolução, sendo incorporada, gradativamente, à rotina mundial. Concomitantemente a ampliação do acesso à internet e às transformações de um mundo globalizado, diversos grupos etários foram introduzidos nesse paradigma, como descendentes de uma era particularmente digital. Grande parte da rotina das crianças e jovens é vivida nas tecnologias e na internet, o que representa, por vezes, um consumo abusivo que pode interferir diretamente na saúde e no desenvolvimento pessoal. Assim, a partir da impossibilidade de uma análise desvinculada entre a criança, a internet e o processo de desenvolvimento, o presente estudo apresenta como questão norteadora: “Quais são as consequências do uso de telas no neurodesenvolvimento infantil?”. O presente estudo refere-se a uma revisão integrativa de literatura, fundamentada na análise de artigos originais já existentes, obtidos mediante a consulta nos bancos de dados: US National Library of Medicine (PubMed), Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Google Acadêmico e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). De forma geral, os achados sugerem que interatividade, conteúdo, acesso controlado, em faixa etária oportuna e com a finalidade correta podem ser fatores mais importantes a serem considerados do que simplesmente o ‘‘tempo de tela’’, o que reforça a importância da qualidade do uso das mídias interativas por crianças pequenas. Por fim, embora o conhecimento prévio aponte para uma possível desvantagem do uso precoce de tecnologias na infância, é certo que a temática não está totalmente elucidada, visto que, em determinadas condições, a tecnologia se apresenta como aliada ao desenvolvimento infantil
Referências
ARANTES, M.C.B.; MORAIS, E.A. Exposição e uso de dispositivo de mídia na primeira infância. Residência Pediátrica, v. 3, n. 1, p. 1-18, 2021.
ARROYO, H. Impacto de medios tecnológicos em neurodesarrollo infantil. Pediatric Panamá, v. 46, n. 2, p. 119-125, 2017.
BELLONI, M. L. O que é Mídia-Educação. 2.ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005.
CÂMARA, H.V., et al. Principais prejuízos biopsicossociais no uso abusivo da tecnologia na infância: percepção dos pais. Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v. 14, n. 51, p. 366-379, 2020.
CARDOSO, G.; ESPANHA, R.; LAPA, T. E – Generation: Os usos de media pelas crianças e jovens em Portugal. Lisboa: CIES – ISCTE, 2007.
CGI - CETIC: Comitê Gestor da Internet e Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação: Pesquisa TIC KIDS ONLINE – Brasil, 2015.
CONTRERA, M.S.; SCHIAVO, S.F. Exposição de crianças à mídia eletrônica e processos miméticos. Comunicação & Inovação, v. 18, n. 38, p. 33-45, 2017.
CORDEIRO, S. F. N.; BONILLA, M. H. S. Cotidianos escolares e tecnologias digitais móveis: relações, tensões e ressignificações. Anais das reuniões nacionais da ANPEd, São Luíz, v. 1, p. 1-17, 2017.
DIVAN, H.A., et al. Prenatal cell phone use and developmental milestone delas among infants. Scand Journal Work Environment Health, v. 37, n. 4, p. 341-348, 2011.
DORNELLES, L. V. Infâncias que nos escapam: da criança na rua à criança cyber. Editora Vozes, 2005.
EISENSTEIN, E.; ESTEFENON, S.B. Geração digital: riscos das novas tecnologias para crianças e adolescentes. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, v. 10, n. 2, p. 42-52, 2011.
EISENSTEIN, E.; SILVA, E.J. Crianças, adolescentes e o uso intensivo das tecnologias de informação e comunicação: desafios para a saúde. Pesquisa sobre o uso da Internet por crianças e adolescentes no Brasil: TIC Kids Online Brasil 2015. São Paulo: Cetic.br, 2016.
FANTIN, M. Do mito de Sísifo ao vôo de Pégaso: as crianças, a formação de professores e a escola estação cultura. Liga, roda, clica: Estudos em mídia, cultura e infância. Campinas, SP: Papirus, p. 145-171, 2008.
FINK, K., et al. Tecnologias no desenvolvimento neuropsicomotor em escolares de quatro a seis anos. Caderno Brasileiro de Terapia Ocupacional, v. 27, n. 2, p. 270-278, 2019.
FRANCISCO, D.J.; SILVA, A.P.L. Criança e apropriação tecnológica: um estudo de caso mediado pelo uso do computador e do tablet. HOLOS, v. 6, p. 277-296, 2015.
FREUD, S., et al. Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos. Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago, 1969.
GUEDES, S. C., el al. A utilização de mídias interativas por crianças na primeira infância – um estudo epidemiológico. Revista Paulista de Pediatria, v. 38, n. 16, p. 1-7, 2019.
HIROTA, T., et al. Neurodevelopmental Traits and Longitudinal Transition Patterns in Internet Addiction: A 2-year Prospective Study. Journal of Autism and Developmental Disorders, v. 6, n. 2, p. 1-10, 2020.
LIN, H.P., et al. Prolonged touch screen device usage is associated with emotional and behavioral problems, but not language delay, in toddlers. Infant Behavior & Development, v. 58, n.5, p. 1-10, 2020.
MACHADO, Y.L. Sedentarismo e suas Consequências em Crianças e Adolescentes. Muzambinho, 2011.
MCNEILL, J., et al. Longitudinal associations of eletronic application use and media program viewing with cognitive and psychosocial development in preschoolers. Academic Pediatrics, v. 5, n. 3, p. 110-119, 2019.
NICOLACI-DA-COSTA, A. M. Revoluções tecnológicas e transformações subjetivas. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Brasília, vol. 18, n. 2, p. 193-202, 2002.
NOBRE, J.N.P., et al. Qualidade de uso de mídias interativas na primeira infância e desenvolvimento infantil: uma análise multicritério. Jornal de Pediatria, v. 7, n. 96, p. 310-317, 2020.
NOBRE, J.N.P, et al. Fatores determinantes no tempo de tela das crianças na primeira infância. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, n.3, p. 1-13, 2015.
PREVITALE, A.P. A importância do brincar. Campinas: UNICAMP, 2006.
RA, C.K. et al. Association of digital media use with subsequent symptoms of attention-deficit/hyperactivity disorder among adolescents. Jama, v. 320, n. 3, p. 255-263, 2018.
RAMOS, D.K.; SEGUNDO, F.R. Jogos digitais na escola: aprimorando a atenção e a flexibilidade cognitiva. Educação & Realidade, v. 43, n. 2, p. 531-550, 2018.
SANTOS, T. A. S., et al. A influência da tecnologia no desenvolvimento da criança pré-escolar e escolar. New Trends in Qualitative Research, v. 3, n. 5, p. 592-608, 2020.
SANTAELLA, L. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista Famecos, v. 10, n. 22, p. 23-32, 2003.
SILVA, A. C.; et al. Neurofisiologia do sono e o uso de smartphones como efeito modulador da síntese de melatonina. Ciências da Saúde Campo Promissor em Pesquisa, p. 177 – 187, 2020.
SBP - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Uso saudável de telas, tecnologias e mídias nas creches, berçários e escolas. Nº 6, 2019.
SBP - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. #MENOS TELAS #MAIS SAÚDE. 2019.
THOMAS, S., et al. Use of mobile phones and changes in cognitive function in adolescentes. Unit for Occupational and Environmental Medicine, v. 5, n. 12, p.861-866, 2010.
TWOMEY, D.M., et al. Feasibility of usinf touch screen technology for early cognitive assessment in children. Infant Behavior & Development, v. 31, n. 5, p. 853-858, 2018.
VRIJHEID, M., et al. Brief Report: Prenatal Exposure to Cell Phone Use and Neurodevelopment at 14 Months. Epidemiology, v.21, n.2, p. 259-262, 2010.
