Gravidez e drogadição: considerações e repercussões sobre o neonato
Resumo
RESUMO: A gravidez é uma fase ímpar na vida da feminina, com várias transformações físicas e psicológicas que necessitam dos cuidados da atenção pré-natal especializada. Aspectos econômicos, sociais e culturais são exemplos de fatores que interferem diretamente na formação do neonato. Nesse viés, a vulnerabilidade que assola grande parte das gestantes no Brasil tem íntima relação com o consumo de drogas e a falha na atenção pré-natal, de forma a culminar em repercussões clínicas no recém-nascido. Reconhecer as repercussões clínicas do uso de drogas ilícitas durante a gestação e relacionar com o contexto sociocultural em que a mãe está inserida. O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática de literatura, de cunho qualitativo, em que foram coletados dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e do Ministério da Saúde. Ademais, foram selecionados também 15 artigos científicos originais na língua inglesa e portuguesa publicados entre 2009 e 2019 nas bases de dados Scielo, PubMed e Google acadêmico. O abuso de substâncias ilícitas em ascendência é uma preocupação mundial. Para as gestantes, que muitas vezes já são dependentes químicas antes da gravidez, a interrupção do uso é especialmente difícil. Diante disso, percebe-se que o uso de drogas afeta o desenvolvimento da gestação, pois ultrapassam a barreira placentária, gerando maior risco de malformações fetais e problemas obstétricos. Estudos apontam que as principais drogas de abuso na gestação são a maconha, cocaína e crack. Os neonatos que dividem espaço com o crack convivem com mães deprimidas e aleitamento deficiente, prejudicando seu desenvolvimento. Já a maconha apresenta efeitos alucinógenos, opióides e tranquilizantes, podendo acarretar intoxicação, óbito da gestante e menor perfusão uteroplacentária. Por fim, a cocaína, por seu efeito vasoconstritor, reduz o fluxo sanguíneo placentário, levando a efeitos deletérios. Assim, durante a gestação, o rastreio do uso de drogas ilícitas deve ser feito com maior atenção, já que configura uma das causas de não adesão ao pré-natal, uma vez que muitas mulheres se sentem culpadas e julgadas pelos profissionais de saúde. Conclui-se, que o uso de drogas durante a gestação é um problema multifatorial e multifacetado que compromete aspectos físicos, emocionais e sociais. Dessa forma, é fundamental, portanto, o acompanhamento especializado das gestantes e a detecção precoce do abuso de substâncias, para que aconteça uma intervenção efetiva, com impacto positivo nas repercussões geradas ao binômio mãe-filho.