Tratamento de alergia à proteínas do leite de vaca com imunoterapia: uma revisão da literatura
Palavras-chave:
Tratamento, APLV, ImunoterapiaResumo
As alergias às proteínas do leite da vaca (APLV) são as mais frequentes dentre as alergias alimentares em crianças menores de três anos, mas podendo ter reações gastrointestinais em qualquer idade. Constitui-se por uma resposta imunológica específica e exacerbada, distinta de outras reações adversas, que ocorre de forma reprodutível após a exposição do antígeno. As doenças alérgicas são complexas e multifatoriais, seu aparecimento e manifestações dependem do tipo de resposta imunológica envolvida (mediada ou não por IgE). A prevalência da APLV é maior em lactantes, com 2 a 3%, sendo que menos de 1% de crianças acima de 6 anos apresentam o quadro de APLV. A maior ocorrência nessa faixa etária deve-se à imaturidade do componente imunológico dos neonatos, que resulta em uma maior possibilidade de alergias e infecções. A imunoterapia oral (ITO) surge como um tratamento alternativo para os portadores da APLV que não conseguem adquirir tolerância espontaneamente, na qual consiste na ingestão gradual de leite por meio de duas fases: a primeira de indução e a segunda de manutenção, dessa forma, não seria necessária a adoção da dieta restritiva. O objetivo deste trabalho é apresentar a imunoterapia como método eficaz para o tratamento de pacientes com APLV, destacando sua importância na melhora do prognóstico destes. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura a partir de 10 artigos em língua portuguesa e língua inglesa encontrados nas plataformas PubMed e Scielo. Os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) usados foram: ´´ APLV´´ e ´´ imunoterapia´´. Os estudos mostram que o tratamento com a imunoterapia apresentou em sua maioria resultados positivos, sendo que cerca de 80% das crianças, em todos os ensaios clínicos, conseguiram adquirir a tolerância total, com diminuição também das manifestações gastrointestinais, como prurido oral, dor abdominal, cólicas e diarreias. Apesar de uma melhora clínica satisfatória, há estudos que não defendem o uso da imunoterapia oral em pacientes com sintomatologias graves, uma vez que o risco de reações graves e anafiláticas é alta. Além disso, alguns ensaios foram marcados por altos índices de reações imunes exacerbadas que desencadearam em óbito, o que evidencia que esse tipo de tratamento não é recomendado para todos os casos de APLV e, quando utilizado, deve ser seguido de monitoramento rigoroso. Essa revisão de literatura sugere que a eficácia do tratamento da APLV com a imunoterapia ainda é incerto, portanto, devem ser realizados mais estudos a respeito do tratamento, definindo os perfis de pacientes que podem aderir à ITO. Desse modo, é constatado que a dieta de exclusão continua sendo o tratamento mais amplo e seguro da APLV.