Riscos e benefícios do uso das mídias sociais na medicina
Palavras-chave:
Ética Médica. Profissionalismo. Comunicação em Saúde. Rede Social. Privacidade.Resumo
Introdução: o uso crescente das plataformas online nas variadas áreas de trabalho é um consenso coletivo. Porém, os padrões atuais de comunicação profissional médica partem de modelos presenciais tradicionais de cuidados, não se moldando facilmente ao ambiente virtual, deixa dilemas emergentes à mercê da intuição. Assim, os principais riscos ao uso benéfico das bases virtuais envolvem a busca informal de dados, a privacidade e o profissionalismo. Objetivo: apresentar as principais implicações do uso da mídia social por médicos e abordar recomendações para uma comunicação on-line eficaz e ética. Material e método: o estudo é uma revisão integrativa de artigos publicados entre 2014 a 2019, selecionados da base de dados PubMed, dentro da categoria de impacto Q1 e critérios quanto a data de publicação. Resultados: Os benefícios da mídia social são muitos e seu poder de alcance envolve a comunidade e estabelece meios de promover uma educação, permitindo aos pacientes estarem conectados à sua saúde. Por exemplo, um projeto na Universidade da Califórnia em Los Angeles mostrou que a atuação de médicos em um grupo do Facebook conseguiu aumentar a adesão de uma população de risco ao teste de HIV. Muitos pacientes usam as mídias para discutir interesses em saúde e a diminuição da participação dos médicos pode ser um risco, já que a falta de opiniões de autoridade deixa uma lacuna a ser preenchida por informações nãomédicas vagas ou errôneas. Por outro lado, a comunicação entre profissionais auxilia na tomada de decisões com diferentes pontos de vista sobre algum caso e por isso a internet vem sendo reconhecida pelo seu poder de promover a socialização na educação médica. Entretanto, inúmeras questões legais afetam o uso nesse ambiente profissional. O relativo anonimato da internet, por exemplo, pode desencadear uma desinibição online e a postagem de conteúdos como vídeos e fotos de procedimentos de todos os tipos que, de outra forma, seria mantido em sigilo. Deve-se considerar ainda o impacto de publicações pessoais sobre a percepção do médico e a profissão de modo geral. Por exemplo, na classe dos estudantes de medicina são frequentes os relatos sobre postagens de palavrões, representação de intoxicação e material sexualmente sugestivo, visto que a maioria não percebe a necessidade de se monitorar desde já. Dado que são necessárias maiores atenções quanto a cuidados de como usar o ambiente virtual a favor da saúde coletiva. Para tal, o uso de dados do paciente em qualquer rede deve ser incluído no prontuário, sob a sua permissão. O ideal é usar apenas pontos que afetem a história clínica e de preferência em uma conta exclusiva para intuito profissional. É imprescindível que o médico preze pelo respeito, privacidade e confidencialidade para não exceder os limites da relação com o paciente. Assim, a rede social deve ser escolhida e usada apenas para a implementação da profissão. Conclusão: os benefícios da mídia social são abundantes, mas questões legais são inevitáveis e merecem atenção no campo profissional. É preciso adaptar e uniformizar as práticas habituais dentro desses meios, refinando e evoluindo de forma íntegra a prática médica. A principal missão de um médico é garantir conforto e bem- estar biológico, social e psicológico ao paciente. A abordagem online pode ser proveitosa contanto que garanta cumprir e nunca prejudicar esses princípios.