Perfil epidemiológico do uso de prótese antiglaucomatosa no Brasil

Autores

  • Anna Paula Amaral Nassarella
  • Caio Henrique Rezio Peres
  • Júlia Moura Nader
  • Vítor Marcílio Lima
  • Rhaissa Rosa de Jesus Cardoso
  • Bráulio Brandão Rodrigues

Palavras-chave:

Procedimentos Cirúrgicos Oftalmológicos. Oftalmologia. Serviços de Saúde Ocular. Glaucoma.

Resumo

Introdução: No Brasil, o glaucoma configura-se como a segunda maior causa de cegueira. Este é uma neuropatia óptica controlável, mesmo na sua forma crônica e incurável, cujo tratamento é a redução da pressão intraocular. De modo geral, a cirurgia anti-glaucomatosa é eletiva quando o uso somente da medicação torna-se ineficaz. Uma das opções atuais entre os pacientes que desenvolveram glaucomas refratários e não refratários é a implantação de dispositivos artificiais de drenagem do humor aquoso - os Implantes de Drenagem de Glaucoma (GDI). Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico da implantação de prótese antiglaucomatosa, de 2011 a 2018, no Brasil. Material e método: Estudo epidemiológico quantitativo e transversal realizado no Brasil, de 2011 a 2018. Os dados foram obtidos no sistema DATASUS, de ordem secundária, na categoria de base de dados no Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do Sistema de Saúde Pública (SIH/SUS). Pesquisou-se acerca da utilização da implantação de prótese antiglaucomatosa pelo SUS. Uma pesquisa bibliográfica foi realizada com Elsevier, PubMed e SciELO, usando palavraschave como anti-glaucoma refratário, implantes de drenagem de glaucoma e tratamento de glaucoma. Foram incluídos artigos que datam no máximo 15 anos anteriores ao ano de 2019. Resultados: Nos últimos anos, tem aumentado o interesse no uso dos GDIs, sendo os mais utilizados são: a válvula Ahmed e o implante Baerveldt. Tradicionalmente, os GDIs foram usados em glaucoma mais refratário, embora tenham ganhado preferência, mesmo em casos de glaucoma não refratário. Os dados colhidos no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema de Saúde Pública (SIH/SUS) demonstraram que houve aumento de aproximadamente 224% no uso de GDIs quando comparados os anos de 2011 a 2018, aproximadamente 86% desses procedimentos provém de caráter eletivo e 41% vem do público privado, de modo que 31% foram da região nordeste e 49% do sudeste. Todos os GDIs compartilham um design similar e consistem em um tubo que é usado para desviar humor aquoso da câmara anterior do olho para um reservatório externo. Os dispositivos diferem em relação à presença ou ausência de válvulas, tamanho e composição da placa final. Dois dos GDIs mais comumente usados são a válvula Ahmed e o implante de Baerveldt. As taxas de sucesso dos GDIs relatadas na literatura variam de 57 a 100%, estando relacionadas com doença de base, tempo de seguimento, tipo de implante e critério de sucesso adotado. As complicações pós-operatórias mais frequentes são principalmente devido à redução excessiva da pressão intraocular, entre elas câmara anterior rasa, atalamia e descolamento de coróide; erosão do trajeto do tubo; obstrução do óstio do tubo; alterações corneais; extrusão do implante; alteração da mobilidade ocular e endoftalmite. Conclusão: Implantes de drenagem vêm sendo realizados em glaucomas refratários com alta taxa de sucesso com relação à redução da pressão intraocular, apesar de não ser encontrada uma melhora significativa da acuidade visual. Tem havido cada vez mais aceitação como um bom procedimento para controle do glaucoma e, com isso, incentivo para desenvolvimento de novos implantes.

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Publicado

2020-02-13

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG