Internações secundárias a pneumonia em Goiás e seus custos ao sistema de saúde, segundo a faixa etária, entre 2008 e 2018
Palavras-chave:
Imunização. Pneumonia. Hospitalização. Gastos em saúde.Resumo
Introdução: Pneumonia é a inflamação de vias aéreas terminais, alvéolos e interstício, causada por infecções ou agentes químicos. É considerada o principal motivo de internação no Brasil, além de ser a maior causa de mortalidade por doenças respiratórias e a quarta maior responsável por mortalidade geral, exceto causas externas. Devido a sua elevada incidência, e o impacto gerado por sua alta morbimortalidade, é relevante levantar os custos relacionados à pneumonia para que medidas que tornem o seu manejo mais custo-efetivo sejam priorizadas. Objetivo: Compreender a distribuição das internações secundárias à pneumonia no Brasil, entre 2008 e 2018, como também seus custos ao sistema de saúde de acordo com a faixa etária. Material e método: Tratase de um estudo epidemiológico, descritivo, retrospectivo de caráter observacional, feito a partir de dados secundários obtidos no Sistema de Informações Hospitalares (SIH), disponíveis no Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram utilizadas as variáveis “ano de processamento”, “faixa etária”, conteúdo foi “internações” e “valor total” para o período compreendido entre 2008 e 2018. Não houveram conflitos de interesse na realização deste trabalho. Resultados: No período analisado foram registradas 261.038 internações por pneumonia no estado de Goiás, uma média de 23.370 internações por ano que custaram ao Sistema Único de Saúde um total de R$ 232.290.795,89. Ao longo dos anos o número de internações flutuou de forma alternada, tendo sido maior nos anos de 2009 e 2010 e menor nos anos de 2016 e 2018. Já o custo médio por internação experimentou grande aumento ao longo dos anos, ao passo que o crescimento acumulado entre 2008 e 2018 chegou a 78,4%. Quando se analisam essas internações estratificando os pacientes por faixa etária, o que se observa é um pico bimodal nos extremos de idade, em que foi grande o número de internações na população pediátrica, em especial entre 1 e 4 anos e voltou a ser importante para as faixas a partir dos 40 anos. Entretanto, levando em consideração o custo médio por internação também por faixa etária, constata-se que as internações com menor custo foram da faixa mais prevalente (crianças menores de quatro anos) enquanto as mais dispendiosas foram as do grupo etário menos prevalente (15 a 19 anos) e dos indivíduos mais idosos (acima de 70 anos). Conclusão: O maior número de internações observado nos extremos etários, provavelmente é explicado pela alta incidência da doença nestes grupos. O preço médio da internação na faixa pediátrica é consideravelmente menor que o preço médio de cada internação em um paciente idoso. Isso ocorre devido ao maior risco de complicações e maior presença de outras comorbidades nesses indivíduos, tornando o tempo de internação maior e encarecendo o cuidado. O aumento do custo de cada internação, independente da faixa etária, não possui causa única evidente, e aparentemente acompanha a tendência econômica do país, o que não exclui a interferência de outros fatores, até então desconhecidos. Diante da avaliação da incidência e dos custos gerados pela doença, ações que sejam capazes de prevenir a infecção, internação e complicações devem ser implementadas. Destacam-se a vacinação de crianças e idosos com a vacina pneumocócica, o diagnóstico precoce, o tratamento com drogas e tempo adequados, sempre que possível em regime ambulatorial, e a vigilância epidemiológica em relação aos agentes etiológicos mais prevalentes.