Perfil epidemiológico da AIDS em menores de 20 anos no Brasil entre os anos de 1980 e 2018
Palavras-chave:
AIDS.Perfil epidemiológico. Brasil.Resumo
Introdução: A AIDS é uma patologia decorrente da infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). O vírus tem tropismo pelos linfócitos T CD4+, um dos tipos celulares responsáveis pela resposta imune, os destruindo e se replicando. Assim, o indivíduo se torna imunocomprometido e suscetível a diversas outras doenças, como infecções oportunistas e tumores. Sua transmissão ocorre por via sexual, sanguínea e vertical (durante a gestação, parto ou amamentação). Traçar o perfil epidemiológico da AIDS é importante para levantar os grupos de riscos, visando a prevenção efetiva e orientação quanto ao tratamento antirretroviral. Objetivos: Traçar o perfil epidemiológico da AIDS no Brasil em menores de 20 anos entre os anos de 1980 e 2018 quanto a faixa etária, sexo, raça e região de procedência. Material e métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo, retrospectivo de caráter observacional, feito a partir de dados secundários obtidos no Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram utilizadas as variáveis “ano de diagnóstico”, “faixa etária SINAN”, “sexo” e “raça/cor”, cujo conteúdo foi “frequência” para o período entre 1980 a 2018. Não houveram conflitos de interesse na realização deste trabalho. RESULTADOS: No período entre 1980 e 2018, foram notificados ao todo 926.742 casos de AIDS no Brasil, sendo 45.234 (4,88%) destes, em menores de 20 anos de idade. Analisando apenas essa parcela do total de notificações, observou-se que a maioria destes se encontrou na faixa entre 15 e 19 anos (42,0%) e que a faixa etária menos prevalente foi a de 10 a 14 anos (7,5%), de modo que 17,4% do total de notificações foram de menores de 1 ano. A maioria dos casos notificados foi do sexo masculino (51,8%), uma proporção de 1,07:1. Ao longo dos anos a relação entre sexo masculino e feminino oscilou bastante, com predomínio alternando entre os sexos, sem grandes disparidades proporcionais. Ao todo 19 casos (0,04%) não tiveram sexo especificado. Apenas 41% dos casos tiveram raça descrita, entre estes o grupo mais prevalente foi o de brancos (47,1%), seguido pelo de pardos (41,2%). O de indígenas foi o que teve o menor número de registros (0,47%). Quanto à região de origem das notificações, constatou-se que quase metade dos casos se deu na Região Sudeste (48,15%), seguida pela Região Sul (22,71%), Nordeste (15,72%), Norte (7,91%) e a Região Centro-Oeste foi a que teve o menor número de casos relatados (5,52%). Conclusão: O grupo adolescente é composto majoritariamente por indivíduos que foram infectados por via sexual/injetáveis e por aqueles que foram contaminados por via vertical. Em menores de um ano se destaca a transmissão vertical. A proporcionalidade entre os sexos mostra a mudança do perfil de infecção predominantemente masculina existente no passado. Embora aproximadamente metade dos casos terem sido notificados na região sudeste, a literatura afirma e os dados mostram interiorização da AIDS, especialmente para o sul e nordeste. Apesar das infecções notificadas em menores de 20 anos representarem menos que 5% do total, é importante que esse grupo receba atenção especial no que se refere à prevenção da transmissão vertical, com a profilaxia no pré e contraindicação da amamentação, bem como que os adolescentes sejam orientados quanto ao uso de preservativos e de materiais perfuro-cortantes descartáveis. Quanto aos infectados, é importante que sejam tratados e que sejam acompanhados, evitando as consequências da estigmatização da doença.