Tendência temporal e análise espacial dos casos de esquistossomose mansoni nos municípios do estado de Alagoas, Brasil
Palavras-chave:
Esquistossomose mansoni. Epidemiologia. Análise Espacial. BiomphalariaResumo
Introdução: A esquistossomose mansoni (EM) é uma doença parasitária grave, de veiculação hídrica e evolução crônica, que ocorre principalmente em áreas com precárias condições de saneamento básico e abastecimento de água. No Brasil, a doença é causada pelo Schistosoma mansoni, afeta cerca de seis milhões de pessoas e há uma estimativa de 30 milhões vivendo em áreas de risco. O Sistema de Informação Geográfica (SIG) é uma ferramenta essencial para se trabalhar informações em saúde, devido a sua capacidade de reunir grandes quantidades de dados convencionais na geração de mapas de risco. No Brasil, alguns estudos envolvendo geoprocessamento foram realizados na tentativa de evidenciar as relações entre ocorrência da Esquistossomose e alguns fatores ambientais. A maioria deles foram realizados nos estados de Pernambuco e Sergipe, entretanto não há registros de Alagoas. Objetivo: Diante disso, este estudo objetivou analisar a tendência temporal e a distribuição espacial dos casos de esquistossomose mansoni nos municípios do estado de Alagoas, entre os anos de 2002 e 2012. Material e Métodos: Foi realizado um estudo epidemiológico, do tipo série temporal, com base em dados reportados pelo Sistema de Informação do Programa de Controle da Esquistossomose (SISPCE). Os dados epidemiológicos correspondem às seguintes variáveis: população trabalhada, população examinada, população positiva, percentual de positividade para S. mansoni, percentual de indivíduos tratados e espécies de Biomphlaria sp. Os valores do PIB e os dados populacionais de cada município do estado foram obtidos na página do IBGE. Todas as análises estatísticas foram realizadas no GraphPad Prisma. Os mapas de distribuição espacial foram construídos e analisados no programa GIS TerraView. Resultados e Conclusão: No inquérito realizado pelo PCE nos municípios do estado de Alagoas entre os anos de 2002 e 2012, a maioria dos municípios foi classificada com prevalência moderada (5 a 15%) ou alta (>15%) para EM. A tendência linear, mostrou redução de quase 50% no percentual de positivos para EM nesse período. Contudo, essa redução também foi acompanhada pela queda no número de exames realizados. O percentual de indivíduos tratados também foi reduzido ao longo dos anos do inquérito (87,3% em 2002 e 61,1% em 2012). A principal espécie de caramujo identificada no estado foi a B. glabrata (95,89%). Os mapas de análise espacial mostraram que as principais áreas de risco para EM estão localizadas na região norte do litoral e próximo à foz do Rio São Francisco. Embora não tenha havido registro de caso de EM nas cidades do sertão e alto sertão do estado de Alagoas, é importante ressaltar que essas cidades não foram cobertas pelo inquérito do PCE e, portanto, essa ausência de dados deve-se, de fato, à subnotificação de casos.