Preservação da fertilidade em crianças do sexo masculino com câncer: uma revisão da literatura
Palavras-chave:
Fertility. Neoplasms. Pediatrics. Treatment (Therapeutics). Neoplasms Câncer)Resumo
Introdução: A sobrevida em pacientes oncológicos infantis aumentou consideravelmente nos últimos 40 anos, chegando a 64% no Brasil. O aprimoramento da terapêutica e aumento da taxa de cura têm gerado preocupação com os efeitos adversos, como a alta infertilidade relacionada. O tratamento do câncer é o determinante da fertilidade do paciente e o dano está diretamente relacionado com a natureza deste e possui graus variados. Pesquisas com pacientes sobreviventes indicam que a maior parte destes desejam formar família no futuro. Logo, é importante elucidar as atuais abordagens e o prognóstico acerca da fertilidade, assim como as atuais terapias que apresentam menos danos colaterais. Objetivo: Revisar as principais medidas adotadas atualmente na tentativa de preservar a fertilidade em pacientes pediátricos do sexo masculino após tratamento oncológico, avaliando limitações e aspectos éticos relacionados. Material e método: Realizada pesquisa na plataforma PubMed no dia 09 de junho de 2019 com os descritores: [("tumor" OR "cancer" OR "neoplasy") AND ("treatment") AND ("fertility") AND ("children" OR "pediatric")] tendo resultado em 869 publicações. Foram aplicados filtros para trabalhos lançados nos últimos cinco anos apenas relacionados a pacientes do sexo masculino, restando 135 resultados. Após leitura do título e resumo dos artigos dessa seleção, 12 deles foram completamente compatíveis com os objetivos deste estudo. Três artigos não tiveram texto completo disponível e foram descartados, restando 9 publicações elegíveis para leitura integral. Resultados: Dois métodos estão estabelecidos para preservação da fertilidade (PF) em crianças do sexo masculino que serão expostos à radioterapia: a blindagem física de gônadas e a transposição de gônadas, processo invasivo que consiste no deslocamento temporário dos testículos para região intraabdominal ou sobreposto ao músculo oblíquo externo. Apenas o método experimental de criopreservação de tecido testicular é realizado para meninos sob tratamento quimioterápico e é indicada para pacientes que apresentam um risco de infertilidade maior que 80% e para tratamento que requer transplante de células tronco hematopoiéticas. Esse procedimento consiste na retirada do tecido testicular e sua reintrodução, ao final do tratamento, por meio de técnicas diversas. Modificações no regime de tratamento podem ser alternativas para redução de gonadotoxicidade. Além da agressividade e incerteza da eficácia dos procedimentos, outros desafios perpassam a PF. Apesar da alta porcentagem relatada de oncologistas pediátricos que afirmam informar sobre a PF para esses pacientes, em muitos casos profissionais de saúde omitem a discussão devido à idade do paciente, prognóstico ruim, falhas de conhecimento sobre os métodos ou inexistência de protocolos estabelecido. Dentre os pacientes e responsáveis que são informados, uma parcela considerável sente que a informação foi insuficiente, não compreendem a informação, julgam que a saúde é mais importante que a possibilidade ter uma família no futuro ou não podem arcar com os procedimentos. Conclusão: Existem dois métodos consolidados e um de forma experimental para PF em crianças do sexo masculino com câncer. É importante que cada paciente seja avaliado individualmente e que ocorra uma adequada comunicação sobre os riscos de infertilidade e possíveis meios de preservação da função reprodutiva, sempre considerando a influência no futuro desses pacientes.