Saindo da automatização do atendimento: sensibilidade espiritual e cuidados paliativos em pacientes oncológicos

Autores

  • Maria Eduarda Silva Caetano
  • Isadora Melo Viana
  • Lydice Marise Cesar Gomes
  • Tainara Almeida Chaves
  • Wesley Gomes da Silva

Palavras-chave:

Neoplasias. Cuidados paliativos. Espiritualidade.

Resumo

Introdução: O câncer manifesta-se com enorme impacto biopsicossocial, sendo um grande problema de saúde pública mundial. Diante dessa realidade e da perspectiva de que o alívio do sofrimento não se restringe ao físico, mas se estende ao mental e espiritual, percebe-se a necessidade de superar o automatismo dos atendimentos nos centros de assistência à saúde, e fomentar a humanização do cuidado em conjunto com a dimensão espiritual, com o intuito de minimizar o sofrimento, traumas e adversidades durante o tratamento da pessoa vulnerabilizada pelo processo saúde-doença. Objetivo: Demonstrar a importância da vinculação dos cuidados paliativos e da espiritualidade no atendimento e cuidado de pacientes acometidos pelo câncer. Material e método: O presente estudo é uma revisão integrativa de literatura, na qual foram coletados dados dos portais do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e do Ministério da Saúde, a respeito da incidência e prevalência de casos. Foram selecionados também 15 artigos científicos originais na língua inglesa e portuguesa publicados entre 2009 e 2018 nas bases de dados Scielo, PubMed e Google acadêmico. Resultados: O crescimento exponencial do número de casos de câncer fez com que essa patologia se tornasse um problema de saúde pública, em vista do grande alcance nos âmbitos epidemiológico, social e econômico. Existem grandes desafios relacionados com a dificuldade no enfrentamento da realidade imposta pela doença, principalmente quanto a falta de entendimento acerca dos efeitos colaterais decorrentes de intervenções e do curso da doença, gerando evasão do tratamento devido às condições físicas e emocionais degradantes a que os pacientes são submetidos. Os cuidados paliativos visam a melhoria da qualidade de vida do paciente durante o processo de adoecimento, aliviando o sofrimento, através do tratamento da dor e dos demais sintomas, independente do caráter ou dimensão. Diante disso, a OMS enfatiza que o tratamento ativo e o paliativo não se excluem, e propõe que a aplicação do tratamento paliativo inicie precocemente e acompanhe todo o curso da doença. As crenças religiosas e espirituais também podem afetar a maneira que os pacientes encaram o estresse desencadeado pela doença, já que o câncer carrega uma imagem social negativa, que leva o paciente a questionar a vida, dado o enfrentamento com a hipótese de finitude. Uma solução para inserir a espiritualidade no cuidados em saúde consiste na elaboração de uma anamnese espiritual, que criaria um ambiente acolhedor para o paciente, juntamente com sua comunidade de fé, inserindo os capelães, que podem ajudar esses indivíduos a encontrar um sentido na experiência da doença. Conclusão: Conclui-se, portanto que o câncer ameaça o sentido de integridade da pessoa e, mesmo quando os sintomas físicos se tornam menos preocupantes, as questões espirituais, surgidas no processo da doença, permanecem. Entretanto, esse tipo de cuidado, no Brasil, ainda é muito recente, se apresentando apenas como ações discretas e formação profissional puramente instrumentalizada, sendo, portanto, necessários maiores esforços e investimentos nessa área. Nesse viés, deve-se incluir o cuidado paliativo de forma efetiva no processo do tratamento, assim como anamneses espirituais e maior presença de líderes religiosos no cuidado ao paciente, priorizando sua dignidade e qualidade de vida.

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Publicado

2020-02-26

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG