Tratamento de queimaduras com uso de pele de tilápia
Palavras-chave:
Pele de tilápia. Queimaduras. Enxertos.Resumo
Introdução: A enxertia é comumente utilizada no tratamento de queimaduras, uma vez que são muito úteis para o fechamento e proteção de feridas extensas. O enxerto pode ser doado pelo próprio indivíduo (autoenxerto), por indivíduos da mesma espécie (aloenxertos ou homoenxertos) ou de outras espécies (xenoenxertos). O uso de xenoenxertos, através da pele de tilápia, em especial a Tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus) tem sido muito utilizado como biomaterial na medicina regenerativa em pacientes cujo as técnicas de autoenxertos são inviáveis tais como queimaduras, extensão corporal ou tecido cutâneo limitado. Objetivo: Avaliar, por meio da literatura mais recente, a eficácia, a viabilidade e a indicação desse novo método terapêutico. Material e método: Trata-se de uma revisão integrativa, em que a busca por artigos foi realizada nas plataformas Google Acadêmico, National Library of Medicine and National Institutes of Hellth (PubMed) e Scientific Electronic Library Online (SciELO). Foram utilizados para isso os descritores: “queimaduras”, “pele de tilápia” nos idiomas português e inglês. Incluiu-se para este estudo, a utilização de dez artigos e com restrição de tempo de publicação de 2015 a 2019 e que, atendiam ao objetivo do estudo. Resultados: A pele de tilápia em estudos histológicos, histoquímicos e tensimétricos demonstraram que é possível sua utilização como um fator protetor na medicina regenerativa, por apresentar uma epiderme revestida por um epitélio pavimentoso estratificado, seguido de extensas camadas de colágeno, posto que suas características microscópicas são semelhantes à estrutura morfológica da pele humana, além de possuir elevada resistência e extensão à tração. Os feixes de colágenos denso da pele da tilápia se apresentam dispostos, predominantemente, de forma paralela e transversal, o que difere da organização da derme humana. A pele da tilápia é composta por feixes de colágeno compactados, organizados e longos, predominando o tipo I, sendo esse de considerável importância para seu uso clínico. Esse colágeno, estimula fatores de crescimento de fibroblastos, apresentando padrão de cicatrização superior devido à sua capacidade de obstruir a ferida, minimizar exsudatos e a formação de crostas. Além disso, demonstraram que curativos biológicos e sólidos têm eficácia superior, notadamente, em relação aos sintéticos, nos quesitos: menor tempo de fechamento de feridas, maior taxa de reepitelização e redução de dor. E, também, foi observado que quando a pele passa por processos de esterilização, ela não apresenta variações quanto à sua estrutura microscópica e tensiométrica. Conclusão: A pele de tilápia mostrou-se um importante meio alternativo no tratamento de queimadura quando as técnicas de autoenxerto não forem viáveis, sendo um promissor biomaterial. Apresentou, também, boa aderência no leito das feridas, interferindo positivamente no processo cicatricial e não causando alterações relevantes nos parâmetros hematológicos, sendo, por isso, um potencial curativo biológico para o tratamento dessa natureza. Além disso, a criação exacerbada de tilápias facilita o acesso desse material e viabiliza, cada vez mais, os estudos sobre este tipo de tratamento que possui um forte efeito terapêutico.